Morei, quase sempre em apartamentos, longe das matas. Até residi perto de uma praça, em Porto Alegre, quando escrevi numa crônica (vide Amanhecer na minha terra, in Cornucópia da Palavra, 2015, p.123) onde eu canto a chegada de um representante penado no local.
Pois agora, morando numa casa com amplo pátio e altas árvores, comecei a conviver novamente com passarinhos. Cercado de grandes galhos, o imóvel permite a passagem e paragem, dia e noite, de vários tipos de passarinhos, que posso ver e ouvir.
Então, resolvi ajudar e alimentar os pássaros.  Coloquei um ladrilho no chão e passei a dispor de alpiste no local para chamar os ditos passarinhos.  Com o tempo, eles foram chegando bicando, meio ariscos, desconfiados, voando a qualquer aproximação. No InÃcio, até para mostrar à minha netinha Tetê, fizemos a chamada em dois. E foi chegando um, depois vieram outros e daà por diante vários tipos começaram a buscar o alimento. São pombinhas, canários, só não vi bem-te-vis e outras espécies que desconheço.
Tentei fotografá-los, porém, eles fogem ao me achegar perto deles. No princÃpio, foi uma vez por dia e agora várias vezes tenho que colocar o alpiste, no local, parece que se comunicam, ficam rondando, aguardando a marmita do dia.
Belo espetáculo da natureza que me faz contatar com esses seres meio raros de elementos que nos alimentam a alma, ao passo que os alimento.
Até dá para desmentir o fato de que na cidade não existem pássaros, existem sim, estão tão próximos de nós que cada vez mais se tornam admiráveis, amigos e dignos de serem preservados. E que se deixem fotografar,  para provar o que afirmo…